Sistemas de Automação na Indústria

Sistemas de Automação na Indústria Farmacêutica

Os componentes de automação são os principais responsáveis pelo registro de dados críticos de processo na indústria

Principais Componentes de Automação

Controlador Lógico Programável – é o "mentor" do sistema, um computador direcionado para desempenhar as funções de controle de acordo com o especificado pelo usuário.
Dispositivos colocados em cada equipamento que se deseja controlar, detectam determinados valores (como temperatura, umidade, pressão, fluxo, vazão do ar, contagem de partículas contínua), transformam em um sinal elétrico e enviam os dados à central de automação, que irá analisá-lo. Eles também podem já vir acoplados aos equipamentos.
São utilizados para medir o que está realmente ocorrendo na sala e não em cada equipamento individualmente. Geralmente são colocados de forma paralela aos sensores/transmissores de controle. Assim, há um elemento para medir umidade, temperatura e pressão do ambiente como um todo. Caso ele registre valores diferentes dos parâmetros de set point, é disparado um alarme para que se verifique qual problema está ocorrendo no controle, que não agiu para a correção, como era esperado.
Podem ser válvulas (com a função de abrir ou fechar a central de água gelada, por exemplo), inversores de frequência (para controlar a velocidade de rotação do motor do ar condicionado), dampers (para controlar a vazão do ar nos dutos) e demais itens acionados pelo sistema de automação.
Interface Homem-Máquina – tipo de monitor com configuração amigável, apresenta as informações pontuais das condições do ambiente em tempo real para controle dos operadores.
Indicadores luminosos, visuais (por cores) ou sonoros que sinalizam ocorrências inesperadas afetando as condições preestabelecidas para o ambiente. Geralmente trabalha-se com três níveis de alertas (pré-alarme, alarme e situação crítica), em uma graduação de uma situação de simples alteração, passando para estado de atenção e chegando a urgência.
Sistema computadorizado, oferece uma visão geral do status de toda a planta, indicando as condições de cada sala controlada. Pode, inclusive, ser programado para acesso via web, permitindo a visualização do que ocorre na planta de forma remota.
Armazena os dados recebidos pelo sistema de automação para a documentação de fiscalização de produção, deve ter sua inviolabilidade, rastreabilidade de usuários e plano de recuperação de desastres garantidos.
Todo sistema de automação deve prever as necessidades de backups e redundâncias essenciais para a segurança de operadores (quando for o caso); para evitar a perda do armazenamento contínuo de dados para a validação; e para uma rápida recuperação das condições de operação da planta permitindo a volta da produção

Automação acoplada

Uma tendência que começa a ser vislumbrada em projetos europeus de salas limpas é a automação acoplada ao próprio equipamento, possibilitando soluções do tipo plug and play. “A vantagem é que, desta forma, não é necessária envolver outra empresa para fazer toda a integração do sistema”, explica Marco Adolph, gerente internacional da Trox Latino América. Ele comenta que na Alemanha já são comercializados condicionadores de ar dotados de automação, que emitem os sinais de seu funcionamento a uma central que armazena, interpreta e realiza as análises necessárias.

No Brasil, a Trox oferece ao mercado um modelo que se aproxima desta tendência: o Labcontrol. Trata-se de pequenas caixas de controle lógico programado que funcionam com as caixas de volume de ar variável da Trox, modulando a posição do damper e controlando tanto o insuflamento ou extração do ar, em função da diferença de pressão necessária no ambiente. “A solução foi inicialmente desenhada para ser usada em salas dotadas de capelas de exaustão, visando reduzir o consumo energético nos momentos em que as capelas estão fechadas, mas ela tem aplicações para outros ambientes controlados ou classificados”, diz Adolph.

Segundo ele, o Labcontrol, que controla principalmente diferencial de pressão e temperatura de uma sala, pode ser usado para programar a vazão ideal na qual uma sala limpa deve operar nos momentos diferentes do ciclo de operação. “A ideia do produto é facilitar o projeto de automação. É possível ajustar o sistema para que em determinados horários ele trabalhe com vazão mínima, normal ou máxima. Ele pode, inclusive, ser conectado ao sistema de gestão predial e as indicações de funcionamento virem diretamente de lá. Vale lembrar que o Lab Control não ‘conversa’ com os ventiladores, sendo preciso instalar um sensor de pressão no duto que indicaria a necessidade de se aumentar ou diminuir a rotação do ventilador, uma automação à parte que não é tão crítica”, afirma.

Critérios para aquisição

Com diversas opções no mercado, são vários os critérios a serem considerados para se escolher os modelos dos componentes de um sistema de automação. Um deles está relacionado com o fato de todo o sistema ser baseado nas leituras realizadas pelos sensores, o que definirá sua forma de agir, e é a precisão. “O projeto deve indicar claramente qual a faixa tolerável de operação, para se definir o melhor sensor”, comenta Wili Colozza Hoffmann, engenheiro de Desenvolvimento de Produto da Vectus.

Na escolha do produto deve-se avaliar a faixa na qual trabalha, exatidão (qual percentual de sua margem de erro) e resolução. “Além disso, é preciso ver se o produto é adequado para trabalhar nas condições do ambiente. Existem instrumentos que são muito sensíveis à variação de temperatura ou de pressão, por exemplo, e sua leitura será alterada caso haja uma mudança nestes valores. Então é preciso saber sua faixa de funcionamento e os desvios que podem ocorrer. São detalhes de projeto e definição de aquisição que podem se tornar muito importantes no momento da operação”, ressalta.

Outro critério a ser observado é o componente ser programável, ou seja, deve permitir a mudança de suas configurações, trazendo flexibilidade para o projeto, caso haja mudança de legislação ou de condições da produção que exijam a operação em parâmetros diferentes dos inicialmente pensados. A compatibilidade também é importante, afinal, todas as leituras realizadas devem convergir para um mesmo ponto. O ideal é que os sinais de saída sejam em protocolos abertos, como bacnet ou lonwork.

Este texto também foi publicado por Luciana Fleury na edição nº 65 da revista SBCC, que pode ser acessado aqui